Vasco de Ramon mostra suas primeiras características
Obviamente, ainda não é possível avaliar o trabalho de Ramon Menezes à frente do Vasco. Não existe um trabalho consolidado em um mês de treino em meio a uma pandemia, dois jogos de Carioca e um jogo-treino contra uma equipe sem divisão. Mas os detalhes mostram que há um caminho sendo percorrido.
Se ainda é cedo para afirmar ser melhor ou pior do que antes, já dá pra dizer que Ramon tenta algo diferente no time. E isso ficou claro desde a linha de três defensiva utilizada em sua estreia, contra o Macaé – vitória por 3 a 1 -, segurando Henrique junto dos dois zagueiros e liberando Pikachu para avançar por dentro, com Vinícius espetado na ponta direita. Um 3-4-3 – com a bola – pouco utilizado por aqui.
Mas a equipe ainda tem sinais de desequilíbrio.
Se por um lado Pikachu e Vinícius conseguem criar, aproveitando as ótimas e rápidas inversões de Andrey e Raul, na esquerda ainda há muito o que acertar na movimentação. Com dois destros por lá, Talles e Benítez, o time não tem conseguido dar a mesma profundidade, já que ambos centralizam. Nunca dois lados foram tão opostos.
Em contrapartida, são dois finalizadores a mais chegando por trás da defesa e pisando na área junto de Cano para marcar. De um lado se cria, de outro se conclui. Foi assim, inclusive, que o ex-Independiente abriu o placar contra o Porto Velho, após cruzamento de Vinícius.
Aliás, foi dessa maneira também que Fellipe Bastos marcou duas vezes na segunda etapa, como um meia que chega de trás para concluir – Marcos Jr ficou mais preso. Só que dessa vez as jogadas foram pela esquerda, com Bruno César (canhoto) e Lucas Santos indo ao fundo. Mesma ideia, mas como lados e times – voltou com os reservas – diferentes.
Outro ponto a ser observado são as jogadas ensaiadas. Foram raros os cruzamentos diretos para a área. Melhor para Andrey, que marcou uma vez e, segundos antes, poderia ter feito outro, aproveitando jogada entre Benítez e Henrique no córner.
O vascaíno que é contra o escanteio curto talvez tenha que rever os seus conceitos.
É um Vasco com um novo esquema e um outro modelo de jogo. Mudanças, claro, que ainda precisam de tempo para se tornarem naturais, orgânicas.
Algumas já se mostram mais avançadas, como a dobradinha Vinícius-Pikachu, a trinca defensiva e a utilização de Andrey na transição. Outras, como Benítez-Talles pela esquerda, ainda precisando de ajustes. Natural.
Inversões rápidas, pontas buscando dar amplitude – ao menos na direita -, infiltrações por dentro – principalmente com Pikachu -, mais jogadores pisando na área e os primeiros ensaios na bola parada. Essas são as primeiras características apresentadas pelo Vasco de Ramon.