As variações do Vasco de Jorginho
De lanterna do Brasileiro, com os piores números em todos os critérios, a time de maior invencibilidade atualmente no campeonato, o Vasco mudou. E um nome em especial tem tido um papel importante nessa mudança de postura e resultados da equipe: Jorginho.
O time não melhorou de um dia para o outro, não foi um ‘choque de ordem’ como na chegada de Celso Roth ao clube, que resultou em duas vitórias imediatas e uma sequência muito ruim posteriormente. O Cruz-Maltino tem evoluído não apenas na pontuação, mas na postura em campo.
O Vasco encontrou com Jorginho algo que não viu nem de longe com Roth: padrão. Melhor ainda: variações dentro da própria formação. Não apenas mudanças através de substituições, mas dentro da própria escalação inicial adotada pelo treinador.
O esquema base da equipe é o 4-4-2, com o meio-campo formando um losango. Bruno Gallo se posiciona como primeiro volante, Andrezinho, na esquerda, e Julio dos Santos, na direita, fazem os lados, e Nenê atua mais centralizado, como um dez.
Mesmo com uma formação bem definida, é a movimentação e as mudanças táticas durante a partida que vêm chamando a atenção. Na saída de bola, por exemplo, Madson é quem se posiciona como meia e Julio dos Santos recua para fazer a função de volante pela direita, auxiliando na saída de bola e ’empurrando’ Bruno Gallo um pouco mais para a esquerda.
O reposicionamento libera Andrezinho para centralizar um pouco mais, com Jorge Henrique abrindo na esquerda e Nenê se aproximando dos dois para tabelar. A direita fica a cargo da velocidade do camisa 2, que recebe o apoio do 10 e do paraguaio quando a bola precisa ser trabalhada.
Quando consegue a vantagem no placar ou sofre com a pressão adversária, principalmente quando atua fora de casa, o time também altera sua formação, se defendendo no 4-1-4-1, que muitas vezes foi adotado por Celso Roth. Mas é uma variação defensiva utilizada por Jorginho apenas em casos pontuais, já que a equipe tem aumentado a sua posse de bola na partida, explorando menos os contra-ataques e mais o jogo trabalhado.
Demorou, mas o Vasco evoluiu. Jorginho deu forma e criatividade, aumentando a movimentação, aproximando os jogadores e acabando com a previsibilidade do time em campo. Hoje, o Cruz-Maltino muda sem ter que substituir, tem opção dentro dos próprios titulares. Mérito do treinador.